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Roser Calaffel |
Festa dos Reis ao Deus Menino de
Belém
Vieram de
muito longe
Como todos
bem sabeis
Adorar o
Deus menino
Que foi Rei,
entre os reis
Ele nasceu
num estábulo
Pobre no
meio da pobreza
A sua
mensagem de amor
Era a sua maior
riqueza
"Eu sou
a verdade e a vida"
Disse aos
desvalidos da sorte
E da sua
palavra se fez luz
E afastou as
trevas da morte
Defendeu os
pecadores
Cristo a
todos deu perdão
Prometeu um
mundo novo
Ele foi o
Rei da Conciliação
Fez a
multiplicação dos pães
Repartindo-os
com igualdade
A sua vida
foi um exemplo
Ele foi Rei
da solidariedade
Aos pobres e
aos oprimidos
Deu palavras
de confiança
Queria um
mundo mais justo
Ele foi o
rei da Esperança
Ele curou os
enfermos
E a todos
deu atenção
E a caridade
fez dele
Rei da nossa
Salvação
Ele espalhou
pelo mundo
A sua
mensagem de Rei
"Amai-vos
uns aos outros
Como eu,
sempre vos amei"
Teve amigos
e inimigos
Foi traído
por um dos seus
Os carrascos
o crucificaram
Como o Rei,
dos Judeus.
António Silva
|
Klaas Verplancke |
Os três reis
Quando os
três reis souberam
que nascera
Jesus Cristo
montaram nos
seus cavalos
foram fazer
o serviço.
Foram a casa
de Herodes
que lhes
ensinasse o caminho
Herodes,
como perverso,
atraiçoou o
Menino.
Herodes, o
rei malvado,
Herodes, o
rei mesquinho,
às avessas
ensinou
aos Santos
Reis o caminho.
Logo Deus
ouviu no céu
um tão
grande desatino
logo Deus
mandou uma estrela
que lhes
guiasse o caminho.
E pela
estrela guiados
vão seguindo
seu caminho
afastado de
Belém
à procura do
Menino.
E logo a
estrela parou
chegados a
uma cabana
e aí os três
reis adoram
a Jesus,
neto de Ana.
Os Reis têm
grande alegria
ao verem
prenda tão bela
cantam
anjos: aleluia
alegrem-se
os céus e a terra!
Por ser
pequena a lapinha
não couberam
todos três:
foram adorar
Jesus
cada um por
sua vez.
Alice Vieira
|
Mark Jones |
Cantar as janeiras
Boas noites,
meus senhores,
boas noites
vimos dar,
vimos pedir
as Janeiras,
se no-las
quiserem dar.
Viva lá,
senhor António
na folhinha
do loureiro;
viva o
senhor da casa
que é um
grande cavalheiro.
Menina que
está lá dentro
assentada na
cortiça;
dê pr’a cá
uma chouriça.
Levante-se
lá, senhora,
do seu
banquinho de prata;
venha
dar-nos as Janeiras
que está um
frio que mata.
Ano Novo Ano
Novo
Ano Novo,
melhor ano,
Vimos cantar
as Janeiras,
Como é de
lei cada ano.
Vinde –nos
dar as Janeiras,
Se no-las
houverdes de dar,
Somos
romeiros de longe,
Não podemos
cá voltar.
Boas festas,
santas-festas,
Está a alba
a “arruçar”,
Venham-nos
dar as Janeiras,
Que temos
muito para andar.
Cantiga
popular
|
James Serafino |
Vamos cantar
as janeiras
Vamos cantar
as janeiras
Por esses
quintais adentro vamos
Às raparigas
solteiras
Vamos cantar
orvalhadas
Vamos cantar
orvalhadas
Por esses
quintais adentro vamos
Às raparigas
casadas
Vira o vento
e muda a sorte
Vira o vento
e muda a sorte
Por aqueles
olivais perdidos
Foi-se
embora o vento norte
Muita neve
cai na serra
Muita neve
cai na serra
Só se lembra
dos caminhos velhos
Quem tem
saudades da terra
Quem tem a
candeia acesa
Quem tem a
candeia acesa
Rabanadas
pão e vinho novo
Matava a
fome à pobreza
Já nos cansa
esta lonjura
Já nos cansa
esta lonjura
Só se lembra
dos caminhos velhos
Quem anda à
noite à ventura
Vamos cantar
as janeiras
Vamos cantar
as janeiras
Por esses
quintais adentro vamos
Às raparigas
solteiras
Vamos cantar
orvalhadas
Vamos cantar
orvalhadas
Por esses
quintais adentro vamos
Às raparigas
casadas.
Zeca Afonso
|
Natascia Ugliano |
Os Três Reis Magos
Já os três
reis são chegados
À lapinha de
Belém
A adorar o
Deus Menino
Nos braços
da Virgem Mãe.
Os três reis
do Oriente
Vieram com
grande cuidado
Visitar o
Deus Menino
Por uma
estrela guiados.
A linda
estrela os guiou
Até à sua
cabaninha
Onde estava
o Deus Menino
Deitadinho
na palhinha.
Venho dar as
Boas Festas
As Boas
Festas d' Alegria
Que vos
manda o Rei da Glória
Filho da
Virgem Maria.
Autor desconhecido
|
Oxana Zaika |
Dia de Reis
Vieram os
três Reis Magos
Das suas
terras distantes
Guiados por
uma estrela,
Cujos raios
cintilantes
Os levaram
ao Deus Menino
Que, a
sorrir de bondade,
Recebeu os
seus presentes
E os acolheu
com amizade.
Autor desconhecido
Cantiga de Reis
Já chegaram a Belém,
Visitar Deus Menino,
Que Nossa Senhora tem.
Os três reis
do Oriente,
Tiveram um
sonho profundo,
Que nasceu o
Deus Menino,
Qu'e o
Salvador do Mundo.
Os três reis
do Oriente,
Seguiram o
seu destino,
Guiados por
uma estrela,
Adorar o
Deus Menino.
A cabana era
pequena,
Não cabiam
todos três,
Adoraram o
Deus Menino,
Cada um de
sua vez.
Nasceu
alegria,
Não pode
haver mais,
Já nasceu
Jesus,
Bendito sejais,
bendito sejais.
Ó da casa,
nobre gente,
Senhores
desta morada,
Escutai e
ouvireis,
Esta nobre
embaixada.
Quem diremos
nós que viva,
Por cima da
salsa crua,
Viva lá o
menino,
Que é o mais lindo da rua.
Poema Popular
|
Vanesa Monte |
Os três reis magos
Diz a
Sagrada Escritura
Que, quando
Jesus nasceu,
No céu,
fulgurante e pura,
Uma estrela
apareceu.
Estrela nova
… Brilhava
Mais do que
as outras; porém
Caminhava,
caminhava
Para os
lados de Belém.
Avistando-a,
os três Reis Magos
Disseram:
“Nasceu Jesus!”
Olharam-na
com afagos,
Seguiram a
sua luz.
E foram
andando, andando,
Dia e noite
a caminhar;
Viam a
estrela brilhando,
sempre o
caminho a indicar.
Ora, dos
três caminhantes,
Dois eram
brancos: o sol
Não lhes
tisnara os semblantes
Tão claros
como o arrebol
Era o
terceiro somente
Escuro de
fazer dó …
Os outros
iam na frente;
Ele ia
afastado e só.
Nascera
assim negro, e tinha
A cor da
noite na tez :
Por isso tão
triste vinha …
Era o mais
feio dos três !
Andaram. E,
um belo dia,
Da jornada o
fim chegou;
E, sobre uma
estrebaria,
A estrela
errante parou.
E os Magos
viram que, ao fundo
Do presépio,
vendo-os vir,
O Salvador
deste mundo
Estava,
lindo, a sorrir
Ajoelharam-se,
rezaram
Humildes,
postos no chão;
E ao
Deus-Menino beijaram
A alava e
pequenina mão.
E Jesus os
contemplava
A todos com
o mesmo amor,
Porque,
olhando-os, não olhava
A diferença
da cor …
Olavo Bilac
|
Matthew Trueman |
Minha Mãe, uma estrela!
Ó mãe, anda ver
No céu a brilhar
Uma linda estrela
Que te vou mostrar
É tal qual aquela
- Repara! Olha bem! –
Que levou pastores
E reis a Belém.
Será que ela viu
Nascer o Menino?
E que lá do alto
Lhe guia o caminho?
Será que é tão grande
O dom dessa estrela
Que ainda hoje somos
Guiados por ela?...
Meu Deus, e parece
Que me está a olhar!...
Talvez tenha vindo
Para me chamar!
Alexandre Parafita
Natal divino
ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo
a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que
pergunto
Respondo
Com as achas
que vou pondo
Na fogueira.
O mito
apenas velado
Como um
cadáver
Familiar…
E neve,
neve, a caiar
De triste
melancolia
Os caminhos
onde um dia
Vi os Magos
galopar…
Miguel Torga
|
Monica Carretero |
Gaspar, Baltasar, Belchior
Gaspar,
Baltasar, Belchior
Em seus
camelos montados
Segue o
séquito p´ra Belém
Por caminhos
deserdados
Onde não
passa ninguém.
A estrela
guia-os, brilhante
No céu frio
das arábias
Dela
esperam, cada instante,
Receber
ordens mais sábias.
Em baús de
cedro fino,
Levam Ouro,
Incenso e Mirra
Para
oferecer ao Menino
Desde que
não faça birra.
Vergílio Alberto Vieira
|
Jo Parry |
Os Reis Magos
São três e chegam de longe
com um sonho na bagagem:
querem estar com o menino
antes que finde a viagem.
São magos do Oriente,
mas não são magos de rua;
acreditam nos cometas,
nas estrelas e na lua.
São os magos viajantes
que resistem à fadiga,
seguindo o rasto de luz
de uma estrela que é amiga.
São os Reis Magos que chegam
das mais remotas paragens
com ouro, incenso e mirra
que trazem de outras viagens.
São os Reis Magos felizes,
joelho assente na terra,
com um voto e uma prece:
“Menino, põe fim à guerra.”
Gaspar, Baltazar e Belchior
pedem à estrela brilhante:
“Dá nome a este menino
antes que o galo cante.”
Viemos aqui nesta noite
com um desejo profundo:
queremos ver o menino
que vem dar esperança ao mundo.
José
Jorge Letria
|
Loly and Bernardilla |
Os Reis
São chegados os três reis
Lá das partes do Oriente,
A visitar o Menino
Santo Deus omnipotente.
Guiados por uma estrela,
Vieram ter a Belém
Onde estava o Rei do Mundo,
Que nasceu p’ra nosso bem.
A estrela se escondeu
Por trás de uma estrebaria;
Dentro estava o Deus Menino
E mais a Virgem Maria.
O curral era pequeno,
Não cabiam todos três:
Adoraram o Menino
Cada um por sua vez.
Ouro, mirra e incenso
Todos três lhe ofereceram;
Aos pés da Virgem Maria
As ofertas estenderam.
Pondo os joelhos em terra,
Adoraram a Jesus,
Filho de Deus encarnado,
Que é toda a nossa luz.
Santos reis, santos coroados,
Foi Jesus que vos coroou,
Jesus que, p’ra nos salvar,
Deus ao mundo enviou.
Nesta noite tão feliz
Cantemos com alegria:
Já nasceu o Rei da Glória,
Filho da Virgem Maria.
Poema popular
|
Maarit Ailio |
A estrela de Belém
Vem de longe esta estrela
que os Reis Magos orienta
no caminho para Belém,
na sua passada lenta.
Nunca outra brilhou tanto
no imenso firmamento,
pois tem um recado a dar
não bastando dá-lo ao vento.
Os Reis Magos, que são três,
seguem-na com confiança,
já que ela traça a rota
que os conduz à criança.
São eternos andarilhos,
estes magos viajantes
que o céu pôs em movimento
na rota dos caminhantes.
São magos porque a magia
nunca os leva ao engano
e a estrela dá o sinal
já perto do fim do ano.
Ó estrelinha de Belém,
que és grande e pequenina,
guia os reis vindos de longe
pelos céus da Palestina.
Ó estrelinha que anuncias
a chegada do menino,
vem dizer a este mundo:
“Por favor, vê se tens tino!”
José
Jorge Letria
|
Eugen Sopko
Os três reis do Oriente
Eram três reis do Oriente
E partiram mundo além,
À procura do Menino
No presépio de Belém!
Foram chamadas em sonho
Por um sagrado destino:
Guiados por uma estrela,
Lá foram dar com o Menino!
À entrada de Belém,
Logo a estrela se escondeu
Por detrás dessa cabana
Onde o Menino nasceu!
A cabana era pequena,
Não cabiam todos três,
Tiveram de ir adorá-Lo
Cada um por sua vez!
Os presentes que levaram
Mirra, incenso e muito ouro,
Eram p´ra que Ele ficasse
Dono de grande tesouro!
Puro engano, já se vê,
Desses reis orientais...
Pois p´ra Ele um bom tesouro
É o Amor… e pouco mais!
Alexandre
Parafita |
|
Lin Wang |
Os Três Reis Magos
Meia noite em ponto.
Doze badaladas.
Nasceu o menino,
nas palhas douradas.
E então Belchior,
Gaspar,
Baltasar,
deixaram seus reinos,
puseram-se a andar.
E andaram, dum lado
para o outro,
até que encontraram
Jesus deitadinho,
nas palhas do gado.
- Eu trouxe-Te mirra! - disse Belchior.
- Eu trouxe-Te incenso! - acrescentou Baltasar.
- E eu um cofre de oiro! - exclamou Gaspar.
Maria Natália Miranda
|
Alison Merry |
Cantiga dos Reis
Santos Reis, santos coroados
Vinde ver quem vos coroou
Foi a virgem, mãe sagrada,
Quando por aqui passou.
O caminho era torto
Uma estrela vos guiou
Em cima de uma cabana
Essa estrela se pousou.
A cabana era pequena
Não cabiam todos três;
Adoraram Deus-Menino
Cada um por sua vez.
Cantiga Popular de
Barcelos
|
Bimba Landmann
Adoração dos Magos
Pelas veredas do deserto,
seguem, rumo a Belém,
Gaspar e Baltazar, mais perto,
Belchior, um pouco além.
A estrela que, na noite escura,
só eles vêem brilhar,
nesse instante de ventura,
que os protege ao caminhar.
Pelo céu da Galileia,
vigiam anjos cantando
loas divinas que, à ceia,
os antigos vão recordando.
Em baús, trazem presentes
que, conforme a tradição,
doaram reis, e descendentes,
aos de cada geração.
Ouro, incenso, do melhor,
que possuíam guardados;
mirra, pois, que p’ró merecedor
só os mais recomendados.
Pelas veredas do deserto,
Guia, os Reis Magos, a estrela,
que, da Terra, brilha tão perto,
e ninguém possa esquecê-la.
Vergílio Alberto Vieira |
|
Valentí Gubianas |
No Dia de Reis
Foi no dia
de reis, à noite, que da lua
Eles vieram,
tomando a estrada de São Tiago,
A esta minha
choupana esburacada e nua.
Onde vivo a
cismar como a garça no lago.
Cavalgavam
corcéis com arreios de chamas...
As rédeas
eram como os raios, as esporas
Estrelas, e
os reais mantos de áureas escamas
Eram três
céus azuis com três lindas auroras...
O primeiro
dos reis era da cor da neve...
Trazia um
céu no olhar, e outro no pensamento...
Boca de rosa
rubra, onde um sorriso breve
Fremia como
um lírio à carícia do vento.
Tinha à
destra, da cor dos blocos de alabastro.
Um ramo de
jasmins, crenças e borboletas...
A guiá-lo,
no céu resplandecia um astro...
E embaixo de
seus pés nasciam violetas...
Rindo-se, o
altivo rei beijou meus pés de escravo,
E, depois,
como um Deus das mais remotas eras,
Desfolhou
sobre mim, impassível e bravo.
Um ramalhete
ideal de sonhos e quimeras.
Então vi
muito além palácios de esmeraldas,
Onde eu
andava envolto em clâmides radiantes,
Com pérolas,
rubins e prásios em grinaldas
E ígneas
constelações de oiro e diamantes.
Fadas
celestiais de olhos meigos e castos
Fitavam-me,
e eu então, em glória sobre-humana,
Lambia-lhes
com fúria os seus cabelos bastos
E os rostos
de marfim, nácar e porcelana.
Cavalgando
depois uma águia luminosa,
Subia para o
céu, num cortejo de estrelas...
E o
firmamento era uma estrada vitoriosa.
De que os
astros a arder eram as sentinelas.
Eu ia pelo
azul de espada e manto solto.
Gorro de
fogo e sóis a faiscar na fronte
Onde, a
resplandecer, meu cabelo revolto
Derramava
clarões de horizonte a horizonte.
E eu seguia,
canções e hinos escutando.
Enquanto no
infinito e sideral tesoiro
Lindas
constelações iam desabrochando
Como a
iluminação das avenidas de oiro.
Mas depois o
outro rei, saltando do ginete,
Beijou as
minhas mãos de pobre com humildade...
E depondo no
chão o cetro e o capacete.
Entornou em
minh’alma o incenso da vaidade.
E então eu
desejei ser grande como o espaço
Que cansa o
furacão e a tempestade acalma...
Trazer os
homens a tremer sob o meu braço,
E os
corações a palpitar pela minh’alma.
E fui-me a
batalhar por mais ignotos mundos...
Venci todos
os reis que achei no meu caminho...
Atravessei
pauis, serras e mares fundos.
Tranquilo,
indiferente, impávido e sozinho!
E sorri-me,
orgulhoso... Então o rei terceiro
Que era
negro, da cor da morte e da miséria,
Queimou a
mirra, e eu vi o mundo traiçoeiro
No qual
apenas sou um pouco da matéria.
Meu Jesus,
como tu, que foste rei um dia,
E que deles
tiveste a grata vassalagem
Também eu,
no país de minha fantasia,
Já tive de
outros reis o gesto de homenagem.
E como tu
suporto as irrisões do fado,
E depois de
ser rei e ter vitória imensa.
Hoje estou a
morrer, hirto e crucificado
No madeiro
do mal, do vício e da descrença...
Mas tu
ressuscitaste entre hinos de alegria,
Sob a luz
triunfal da vastidão serena...
Tu tiveste o
luar dos olhos de Maria
E o glorioso
arrebol do olhar de Madalena...
No entanto o
meu mal é infindo e sem remédio.
Da descrença
pregado à grande cruz maldita.
Sinto
esvoaçando em torno os abutres do tédio...
E quem
perdeu a fé, como é que ressuscita?
Francisco
Mangabeira