sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Chuva de Histórias

       No dia 18 de janeiro, a Responsabilidade Livros e Companhia dinamizou uma hora do conto, durante o intervalo da manhã. 
       A história lida foi Era uma vez uma velhinha, da autoria de Jeremy Holmes. Este livro conta-nos a história de uma velhinha que começou por engolir uma aranha para apanhar um mosquito e, mesmo assim, não lhe deu um fanico! Depois, engoliu uma cegonha, um gato, um cão, uma serpente, uma vaca e, por fim, um cavalo inglês! Adivinhem! Deu-lhe o fanico de vez! O livro é muito original e já lhe foi atribuído um prémio, na Feira do Livro Infantil de Bolonha, em 2010: o prémio Opera Prima. Na nossa opinião, foi bem merecido!
     Nesta atividade, participaram alguns alunos dos Núcleos de Iniciação e de Consolidação. Os contadores da história foram o Afonso Pedroso, a Neise Calçada e o José Pedro Martins. O público esteve muito atento à história e gostou bastante.
       Continuem a participar na Chuva de Histórias, que se realiza todas as quintas-feiras, pelas 10h30, num dos espaços da Biblioteca.
Neise Calçada e Afonso Pedroso
Responsabilidade Livros e Companhia





sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Miúdos a Votos

          Finalmente, a Responsabilidade Livros e Companhia fez a contagem dos votos dos livros favoritos dos nossos alunos. Aqui está a lista dos livros mais votados pelos alunos da Escola da Ponte.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Sugestão para o fim de semana

          Se gostas de Teatro de Marionetas, não percas amanhã, das 11:00 às 12:45, na Biblioteca Municipal do Porto (Rua Dom João IV), um espetáculo muito divertido com música ao vivo, com João, um bom rapaz, mas um tanto simplório. As gentes da aldeia chamavam-lhe em tom de zombaria o João Pateta.
          A partir de um dos “Contos para a Infância de Guerra Junqueiro”, no entanto, porque quem conta um conto acrescenta um ponto, além dos disparates que o João faz por não compreender bem as instruções da mãe, no meio da sua jornada encontra-se com uma bruxa que o convence a semear uma árvore do dinheiro.


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Sugestões para reutilizar o antigo calendário de 2017

          Agora que 2017 findou, podemos reciclar os calendários. Como? Há várias sugestões aqui.
          Podemos usá-los para fazer cadernos:


          - decorar/embrulhar prendinhas:

          - fazer postais:

          - ou quadros:
          - e decorar frascos/velas:

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Poesia dos Reis Magos

Roser Calaffel

Festa dos Reis ao Deus Menino de Belém

Vieram de muito longe
Como todos bem sabeis
Adorar o Deus menino
Que foi Rei, entre os reis

Ele nasceu num estábulo
Pobre no meio da pobreza
A sua mensagem de amor
Era a sua maior riqueza

"Eu sou a verdade e a vida"
Disse aos desvalidos da sorte
E da sua palavra se fez luz
E afastou as trevas da morte

Defendeu os pecadores
Cristo a todos deu perdão
Prometeu um mundo novo
Ele foi o Rei da Conciliação

Fez a multiplicação dos pães
Repartindo-os com igualdade
A sua vida foi um exemplo
Ele foi Rei da solidariedade

Aos pobres e aos oprimidos
Deu palavras de confiança
Queria um mundo mais justo
Ele foi o rei da Esperança

Ele curou os enfermos
E a todos deu atenção
E a caridade fez dele
Rei da nossa Salvação

Ele espalhou pelo mundo
A sua mensagem de Rei
"Amai-vos uns aos outros
Como eu, sempre vos amei"

Teve amigos e inimigos
Foi traído por um dos seus
Os carrascos o crucificaram
Como o Rei, dos Judeus.
                                                               António Silva

Klaas Verplancke

Os três reis

Quando os três reis souberam
que nascera Jesus Cristo
montaram nos seus cavalos
foram fazer o serviço.

Foram a casa de Herodes
que lhes ensinasse o caminho
Herodes, como perverso,
atraiçoou o Menino.

Herodes, o rei malvado,
Herodes, o rei mesquinho,
às avessas ensinou
aos Santos Reis o caminho.

Logo Deus ouviu no céu
um tão grande desatino
logo Deus mandou uma estrela
que lhes guiasse o caminho.

E pela estrela guiados
vão seguindo seu caminho
afastado de Belém
à procura do Menino.

E logo a estrela parou
chegados a uma cabana
e aí os três reis adoram
a Jesus, neto de Ana.

Os Reis têm grande alegria
ao verem prenda tão bela
cantam anjos: aleluia
alegrem-se os céus e a terra!

Por ser pequena a lapinha
não couberam todos três:
foram adorar Jesus
cada um por sua vez.
                                                                                                  Alice Vieira

Mark Jones

Cantar as janeiras

Boas noites, meus senhores,
boas noites vimos dar,
vimos pedir as Janeiras,
se no-las quiserem dar.

Viva lá, senhor António
na folhinha do loureiro;
viva o senhor da casa
que é um grande cavalheiro.

Menina que está lá dentro
assentada na cortiça;
dê pr’a cá uma chouriça.

Levante-se lá, senhora,
do seu banquinho de prata;
venha dar-nos as Janeiras
que está um frio que mata.

Ano Novo Ano Novo
Ano Novo, melhor ano,
Vimos cantar as Janeiras,
Como é de lei cada ano.

Vinde –nos dar as Janeiras,
Se no-las houverdes de dar,
Somos romeiros de longe,
Não podemos cá voltar.

Boas festas, santas-festas,
Está a alba a “arruçar”,
Venham-nos dar as Janeiras,
Que temos muito para andar.
                                                                  Cantiga popular

James Serafino

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas.
                                                              Zeca Afonso

Natascia Ugliano

Os Três Reis Magos

Já os três reis são chegados
À lapinha de Belém
A adorar o Deus Menino
Nos braços da Virgem Mãe.

Os três reis do Oriente
Vieram com grande cuidado
Visitar o Deus Menino
Por uma estrela guiados.

A linda estrela os guiou
Até à sua cabaninha
Onde estava o Deus Menino
Deitadinho na palhinha.

Venho dar as Boas Festas
As Boas Festas d' Alegria
Que vos manda o Rei da Glória
Filho da Virgem Maria.
                                                               Autor desconhecido

Oxana Zaika

Dia de Reis

Vieram os três Reis Magos
Das suas terras distantes
Guiados por uma estrela,
Cujos raios cintilantes
Os levaram ao Deus Menino
Que, a sorrir de bondade,
Recebeu os seus presentes
E os acolheu com amizade.
                                                            Autor desconhecido


Cantiga de Reis

Já chegaram a Belém,
Visitar Deus Menino,
Que Nossa Senhora tem.

Os três reis do Oriente,
Tiveram um sonho profundo,
Que nasceu o Deus Menino,
Qu'e o Salvador do Mundo.

Os três reis do Oriente,
Seguiram o seu destino,
Guiados por uma estrela,
Adorar o Deus Menino.

A cabana era pequena,
Não cabiam todos três,
Adoraram o Deus Menino,
Cada um de sua vez.

Nasceu alegria,
Não pode haver mais,
Já nasceu Jesus,
Bendito sejais, bendito sejais.

Ó da casa, nobre gente,
Senhores desta morada,
Escutai e ouvireis,
Esta nobre embaixada.

Quem diremos nós que viva,
Por cima da salsa crua,
Viva lá o menino,
Que é o mais lindo da rua.
                                                             Poema Popular

Vanesa Monte

Os três reis magos

Diz a Sagrada Escritura
Que, quando Jesus nasceu,
No céu, fulgurante e pura,
Uma estrela apareceu.

Estrela nova … Brilhava
Mais do que as outras; porém
Caminhava, caminhava
Para os lados de Belém.

Avistando-a, os três Reis Magos
Disseram: “Nasceu Jesus!”
Olharam-na com afagos,
Seguiram a sua luz.

E foram andando, andando,
Dia e noite a caminhar;
Viam a estrela brilhando,
sempre o caminho a indicar.

Ora, dos três caminhantes,
Dois eram brancos: o sol
Não lhes tisnara os semblantes
Tão claros como o arrebol

Era o terceiro somente
Escuro de fazer dó …
Os outros iam na frente;
Ele ia afastado e só.

Nascera assim negro, e tinha
A cor da noite na tez :
Por isso tão triste vinha …
Era o mais feio dos três !

Andaram. E, um belo dia,
Da jornada o fim chegou;
E, sobre uma estrebaria,
A estrela errante parou.

E os Magos viram que, ao fundo
Do presépio, vendo-os vir,
O Salvador deste mundo
Estava, lindo, a sorrir

Ajoelharam-se, rezaram
Humildes, postos no chão;
E ao Deus-Menino beijaram
A alava e pequenina mão.

E Jesus os contemplava
A todos com o mesmo amor,
Porque, olhando-os, não olhava
A diferença da cor …
                                                Olavo Bilac

Matthew Trueman

Minha Mãe, uma estrela!         

Ó mãe, anda ver
No céu a brilhar
Uma linda estrela
Que te vou mostrar
É tal qual aquela
- Repara! Olha bem! –
Que levou pastores
E reis a Belém.

Será que ela viu
Nascer o Menino?
E que lá do alto
Lhe guia o caminho?

Será que é tão grande
O dom dessa estrela
Que ainda hoje somos
Guiados por ela?...

Meu Deus, e parece
Que me está a olhar!...
Talvez tenha vindo
Para me chamar!
                                                           Alexandre Parafita


Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…
                                                          Miguel Torga  

Monica Carretero
        
Gaspar, Baltasar, Belchior

Gaspar, Baltasar, Belchior
Em seus camelos montados
Segue o séquito p´ra Belém
Por caminhos deserdados
Onde não passa ninguém.

A estrela guia-os, brilhante
No céu frio das arábias
Dela esperam, cada instante,
Receber ordens mais sábias.

Em baús de cedro fino,
Levam Ouro, Incenso e Mirra
Para oferecer ao Menino
Desde que não faça birra.
                                                                              Vergílio Alberto Vieira
               
Jo Parry

Os Reis Magos

São três e chegam de longe
com um sonho na bagagem:
querem estar com o menino
antes que finde a viagem.

São magos do Oriente,
mas não são magos de rua;
acreditam nos cometas,
nas estrelas e na lua.

São os magos viajantes
que resistem à fadiga,
seguindo o rasto de luz
de uma estrela que é amiga.

São os Reis Magos que chegam
das mais remotas paragens
com ouro, incenso e mirra
que trazem de outras viagens.

São os Reis Magos felizes,
joelho assente na terra,
com um voto e uma prece:
“Menino, põe fim à guerra.”

Gaspar, Baltazar e Belchior
pedem à estrela brilhante:
“Dá nome a este menino
antes que o galo cante.”

Viemos aqui nesta noite
com um desejo profundo:
queremos ver o menino
que vem dar esperança ao mundo.
                                                                        José Jorge Letria

Loly and Bernardilla

Os Reis

São chegados os três reis
Lá das partes do Oriente,
A visitar o Menino
Santo Deus omnipotente.

Guiados por uma estrela,
Vieram ter a Belém
Onde estava o Rei do Mundo,
Que nasceu p’ra nosso bem.

A estrela se escondeu
Por trás de uma estrebaria;
Dentro estava o Deus Menino
E mais a Virgem Maria.

O curral era pequeno,
Não cabiam todos três:
Adoraram o Menino
Cada um por sua vez.

Ouro, mirra e incenso
Todos três lhe ofereceram;
Aos pés da Virgem Maria
As ofertas estenderam.

Pondo os joelhos em terra,
Adoraram a Jesus,
Filho de Deus encarnado,
Que é toda a nossa luz.

Santos reis, santos coroados,
Foi Jesus que vos coroou,
Jesus que, p’ra nos salvar,
Deus ao mundo enviou.

Nesta noite tão feliz
Cantemos com alegria:
Já nasceu o Rei da Glória,
Filho da Virgem Maria.
                                                                 Poema popular

Maarit Ailio

A estrela de Belém

Vem de longe esta estrela
que os Reis Magos orienta
no caminho para Belém,
na sua passada lenta.

Nunca outra brilhou tanto
no imenso firmamento,
pois tem um recado a dar
não bastando dá-lo ao vento.

Os Reis Magos, que são três,
seguem-na com confiança,
já que ela traça a rota
que os conduz à criança.

São eternos andarilhos,
estes magos viajantes
que o céu pôs em movimento
na rota dos caminhantes.

São magos porque a magia
nunca os leva ao engano
e a estrela dá o sinal
já perto do fim do ano.

Ó estrelinha de Belém,
que és grande e pequenina,
guia os reis vindos de longe
pelos céus da Palestina.

Ó estrelinha que anuncias
a chegada do menino,
vem dizer a este mundo:
“Por favor, vê se tens tino!”
                                                                  José Jorge Letria

Eugen Sopko

Os três reis do Oriente

Eram três reis do Oriente
E partiram mundo além,
À procura do Menino
No presépio de Belém!
Foram chamadas em sonho
Por um sagrado destino:
Guiados por uma estrela,
Lá foram dar com o Menino!

À entrada de Belém,
Logo a estrela se escondeu
Por detrás dessa cabana
Onde o Menino nasceu!
A cabana era pequena,
Não cabiam todos três,
Tiveram de ir adorá-Lo
Cada um por sua vez!

Os presentes que levaram
Mirra, incenso e muito ouro,
Eram p´ra que Ele ficasse
Dono de grande tesouro!
Puro engano, já se vê,
Desses reis orientais...
Pois p´ra Ele um bom tesouro
É o Amor… e pouco mais!
                                                                              Alexandre Parafita

Lin Wang

Os Três Reis Magos

Meia noite em ponto.
Doze badaladas.
Nasceu o menino,
nas palhas douradas.

E então Belchior,
Gaspar,
Baltasar,
deixaram seus reinos,
puseram-se a andar.

E andaram, dum lado
para o outro,
até que encontraram
Jesus deitadinho,
nas palhas do gado.

- Eu trouxe-Te mirra! - disse Belchior.
- Eu trouxe-Te incenso! - acrescentou Baltasar.
- E eu um cofre de oiro! - exclamou Gaspar.
 Maria Natália Miranda

Alison Merry
Cantiga dos Reis

Santos Reis, santos coroados
Vinde ver quem vos coroou
Foi a virgem, mãe sagrada,
Quando por aqui passou.

O caminho era torto
Uma estrela vos guiou
Em cima de uma cabana
Essa estrela se pousou.

A cabana era pequena
Não cabiam todos três;
Adoraram Deus-Menino
Cada um por sua vez.
Cantiga Popular de Barcelos

Bimba Landmann

Adoração dos Magos

Pelas veredas do deserto,
seguem, rumo a Belém,
Gaspar e Baltazar, mais perto,
Belchior, um pouco além.
A estrela que, na noite escura,
só eles vêem brilhar,
nesse instante de ventura,
que os protege ao caminhar.

Pelo céu da Galileia,
vigiam anjos cantando
loas divinas que, à ceia,
os antigos vão recordando.

Em baús, trazem presentes
que, conforme a tradição,
doaram reis, e descendentes,
aos de cada geração.

Ouro, incenso, do melhor,
que possuíam guardados;
mirra, pois, que p’ró merecedor
só os mais recomendados.

Pelas veredas do deserto,
Guia, os Reis Magos, a estrela,
que, da Terra, brilha tão perto,
e ninguém possa esquecê-la.
                                                   Vergílio Alberto Vieira

Valentí Gubianas

No Dia de Reis

Foi no dia de reis, à noite, que da lua
Eles vieram, tomando a estrada de São Tiago,
A esta minha choupana esburacada e nua.
Onde vivo a cismar como a garça no lago.
Cavalgavam corcéis com arreios de chamas...

As rédeas eram como os raios, as esporas
Estrelas, e os reais mantos de áureas escamas
Eram três céus azuis com três lindas auroras...

O primeiro dos reis era da cor da neve...
Trazia um céu no olhar, e outro no pensamento...
Boca de rosa rubra, onde um sorriso breve
Fremia como um lírio à carícia do vento.

Tinha à destra, da cor dos blocos de alabastro.
Um ramo de jasmins, crenças e borboletas...
A guiá-lo, no céu resplandecia um astro...
E embaixo de seus pés nasciam violetas...

Rindo-se, o altivo rei beijou meus pés de escravo,
E, depois, como um Deus das mais remotas eras,
Desfolhou sobre mim, impassível e bravo.
Um ramalhete ideal de sonhos e quimeras.

Então vi muito além palácios de esmeraldas,
Onde eu andava envolto em clâmides radiantes,
Com pérolas, rubins e prásios em grinaldas
E ígneas constelações de oiro e diamantes.

Fadas celestiais de olhos meigos e castos
Fitavam-me, e eu então, em glória sobre-humana,
Lambia-lhes com fúria os seus cabelos bastos
E os rostos de marfim, nácar e porcelana.

Cavalgando depois uma águia luminosa,
Subia para o céu, num cortejo de estrelas...
E o firmamento era uma estrada vitoriosa.
De que os astros a arder eram as sentinelas.

Eu ia pelo azul de espada e manto solto.
Gorro de fogo e sóis a faiscar na fronte
Onde, a resplandecer, meu cabelo revolto
Derramava clarões de horizonte a horizonte.

E eu seguia, canções e hinos escutando.
Enquanto no infinito e sideral tesoiro
Lindas constelações iam desabrochando
Como a iluminação das avenidas de oiro.

Mas depois o outro rei, saltando do ginete,
Beijou as minhas mãos de pobre com humildade...
E depondo no chão o cetro e o capacete.
Entornou em minh’alma o incenso da vaidade.

E então eu desejei ser grande como o espaço
Que cansa o furacão e a tempestade acalma...
Trazer os homens a tremer sob o meu braço,
E os corações a palpitar pela minh’alma.

E fui-me a batalhar por mais ignotos mundos...
Venci todos os reis que achei no meu caminho...
Atravessei pauis, serras e mares fundos.
Tranquilo, indiferente, impávido e sozinho!

E sorri-me, orgulhoso... Então o rei terceiro
Que era negro, da cor da morte e da miséria,
Queimou a mirra, e eu vi o mundo traiçoeiro
No qual apenas sou um pouco da matéria.

Meu Jesus, como tu, que foste rei um dia,
E que deles tiveste a grata vassalagem
Também eu, no país de minha fantasia,
Já tive de outros reis o gesto de homenagem.

E como tu suporto as irrisões do fado,
E depois de ser rei e ter vitória imensa.
Hoje estou a morrer, hirto e crucificado
No madeiro do mal, do vício e da descrença...

Mas tu ressuscitaste entre hinos de alegria,
Sob a luz triunfal da vastidão serena...
Tu tiveste o luar dos olhos de Maria
E o glorioso arrebol do olhar de Madalena...

No entanto o meu mal é infindo e sem remédio.
Da descrença pregado à grande cruz maldita.
Sinto esvoaçando em torno os abutres do tédio...
E quem perdeu a fé, como é que ressuscita?

Francisco Mangabeira